Superando mágoas




Como lidar com a dor que a mágoa deixa?

  Você pode dedicar atenção e cuidados a alguém, afeto, um ouvido amigo para desabafo e até mesmo sutilezas como preocupar-se se a pessoa comeu, se o cobertor é suficiente para aquecer, se uma luz acesa durante a madrugada pode incomodar... Enfim, muitas destas coisas passam despercebidas por quem recebe, mas não por quem oferece. 

  Isso é cuidar no sentido mais sutil e puro possível. É querer o bem-estar do outro. 

  Quando você sente afeto por alguém, tudo isso é feito instintivamente. Você não pensa: "tenho que agir assim" ou "isso é o que esperam de mim." É natural. Nada é feito visando retorno, especialmente quando é feito para alguém que não tem nada a te oferecer em troca. Esse é o amor, o afeto, gratuito...
No entanto, mesmo sem aguardar nenhum benefício, também não esperamos a ingratidão, o egoísmo e a maledicência. 

  Querendo ou não, a maior parte das pessoas espera o melhor do próximo. Não uma retribuição em si, mas pelo menos espera não ser ofendido pelas costas, não ter mentiras contadas a seu respeito e menos ainda ver que a pessoa não tem o menor pudor em passar por cima de você para conseguir o que quer. Isso gera o assunto que comecei a abordar: a mágoa. 

  Essa dor é forte e tem o poder de desequilibrar o emocional de uma pessoa por mais estruturada que ela seja. Compara-se a mágoa a uma erva daninha que se instala no coração e vai só aumentando se a pessoa não a extirpar depressa. Quem nos magoa, em geral, pouco ou nada se importa com o mal que nos causou. 

  É preciso cuidarmos de nós mesmos e pensar que a mágoa prejudica só a quem sente. O trabalho para superá-la pode não ser fácil, mas é imprescindível um esforço de nossa parte para não deixar que as ações dos outros (propositais ou não) afetem nossa visão de mundo, tirem o brilho que vemos quando olhamos as estrelas ou quando fazemos nossos planos para o futuro.

  E o tempo é sempre um aliado. Administre-o a seu favor. Ser magoado dói. E dói muito, mas talvez o caminho para a cura seja inicialmente olhar para o outro lado, para as pessoas que se importam e dão valor ao que você faz. Afinal, como a clássica frase diz: "O essencial é invisível aos olhos."

Texto: Gisele Almeida
@solarisautoconhecimento

Bibliografia:

SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 2005.

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